TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E FERRAMENTAS DA WEB 2.0: UMA DAS DIMENSÕES DO TRABALHO PEDAGÓGICO E DO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM
Sônia Maria Pereira
ResumoBusca-se neste artigo uma reflexão como é desenvolvida a integração das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e as ferramentas da Web 2.0 no trabalho pedagógico da Escola. Nesse sentido, faz-se necessário investigar e compreender como se dá a gestão da integração das TICs na prática pedagógica e em conseqüência ao processo ensino aprendizagem. Assim sendo, este trabalho tem um enfoque qualitativo, fundamentando-se nos teóricos: Almeida (2005), Brasil (1998 e 2006), Bulhões (2008), Costa e Magdalena( s/d), Escarião (1996), Fialho (2006), Freire (2002), kenski (2005 e 2008), Moran (2000 e 2005), Morin (2000), Oliveira (2006), Pacievitch (2009), Perrenoud (2003), Prado (2005), Santos e Andrioli (2005).
Palavras-Chave: Tecnologia da Informação e Comunicação. Web 2.0. Prática Pedagógica. Aprendizagem.
1 IntroduçãoO momento atual aponta para um acelerado crescimento, em que as Tecnologias da Informação e Comunicação as ferramentas da Web 2.0 estão presentes direta ou indiretamente nas diversas atividades do cotidiano. A escola faz parte desse contexto e deve contribuir com a formação de indivíduos para o exercício pleno da sua cidadania, participando dos processos de transformação e construção da realidade, assim sendo, deve estar aberta a incorporar novos hábitos, comportamentos, percepções, demandas e a integração das Tecnologias da Informação e Comunicação.
Dessa forma, o presente artigo pretende abordar como é desenvolvida a integração Tecnologias da Informação e Comunicação as ferramentas da Web 2.0 no trabalho pedagógico na escola no sentido de compreender como se dá a gestão da integração das Mídias na prática pedagógica e em consequência ao processo ensino aprendizagem.
Tentar investigar e compreender como se dá a gestão da integração das Tecnologias da Informação e Comunicação e as ferramentas da Web 2.0 na prática pedagógica e, em consequência, ao processo ensino aprendizagem na leva-nos a buscar elementos para este entendimento, não só no âmbito circuito à questão educacional, mas sobretudo numa perspectiva que contemple a realidade social.
Nesse sentido, através de uma análise que permita entender como ocorre à relação do sujeito com o objeto e como estes se estruturam, é que poderemos interpretar e nos aproximarmos da compreensão sobre a realidade da gestão da integração das Tecnologias da Informação e Comunicação na prática pedagógica e, em consequência, ao processo ensino aprendizagem.
Nos últimos anos, o sistema educacional brasileiro tem sofrido uma necessidade de profundas transformações, na expectativa de garantir escolas democráticas e de qualidade para todos; nossa análise, se não pode e nem deve limita-se unicamente à sua interpretação, mas, pode, sobretudo, contribuir para sua transformação.
Sabe-se que as relações de classe na sociedade brasileira são complexas, contraditórias e nunca se encontram em níveis equiparados e, da mesma forma, percebendo que a escola não é unicamente, mas também um espaço onde se reproduz a ideologia e os interesses da classe burguesa considera-se importante uma análise da qual procure propor certificar-se de como isso está se delineando no interior desta, especialmente, na sala de aula, uma vez que, os planos educacionais ao sofrerem não só as influências dos aspectos políticos, econômicos e sociais também agem diretamente no dia a dia da escola.
2 Tecnologia da Informação e Comunicação, Web 2. 0 e a EscolaAs Tecnologias de informação e Comunicação e as ferramentas da Web 2.o na educação evidenciam desafios e problemas e possibilidades a escola e as práticas educativas. Para compreendê-las e superá-las é imprescindível reconhecer suas potencialidades e a realidade em que a escola encontra-se inserida, identificando as características do trabalho pedagógico na escola e na comunidade.
Quais transformações as Tecnologias da Informação e Comunicação trouxeram para a escola? O que se pode esperar para os próximos anos? Sabe-se que a educação formal vista como processo não pode ficar alheia e indiferente a essa realidade. Segundo Almeida (2005, p. 40)
A utilização de tecnologias na escola e na sala de aula impulsiona a abertura desses espaços ao mundo e ao contexto, permite articular a situação global e local, sem, contudo abandonar o universo de conhecimentos acumulados ao longo do desenvolvimento da humanidade. Tecnologias e conhecimentos se integram para produzir novos conhecimentos que permitam compreender as problemáticas atuais e desenvolver projetos, em busca de alternativas para a transformação do cotidiano e a construção da cidadania.
Isso evidencia novos e complexos desafios à escola, aos educadores e educandos, no sentido de aprender novos conceitos e aplicar novos conhecimentos e habilidades de maneira dinâmica, uma vez que a revolução do conhecimento acontece na inovação humana. Para tanto, deve-se ter a capacidade de aprender, desaprender e reaprender, a aprendizagem do Século XXI passa a ser um conjunto de competências e conhecimento necessários.
Qual é, ou qual será o perfil do novo profissional da educação? Conforme Moran (2005, p. 12):
O novo profissional da educação integrará melhor as tecnologias com a afetividade, o humanismo e a ética. Será um professor mais criativo, experimentador, orientador de processos de aprendizagem [...] Será um professor que desenvolve situações instigantes, desafios, solução de problemas e jogos, combinando a flexibilidade dos espaços e tempos individuais com os colaborativos grupais. Quanto mais avança a tecnologia, mais se torna importante termos educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos.
Assim, quanto mais conhecimentos tiverem os educadores sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação e das ferramentas da web 2.0 mais possibilidade de aprendizagem se abre na escola. Freire (2002, p.20) com muita propriedade retrata, “É próprio do pensar certo a disponibilidade ao risco, a aceitação do novo que não pode ser negado ou acolhido só porque é novo, assim como o critério de recusa ao velho não é apenas o cronológico [...]”.
Uma mudança qualitativa no processo de ensino aprendizagem acontece quando conseguimos integrar dentro de uma visão inovadora todas as tecnologias da informação e comunicação e as ferramentas da Web 2.0.
Nesse sentido, a utilização do correio eletrônico, lista de discussão e blogs é imprescindível ao contexto da sala de aula pois:
Essas ferramentas [...] juntam a facilidade de apropriação com a sua alta possibilidade de promover a interação entre as pessoas, favorecendo a formação de redes de colaboração e cooperação e construção coletiva de conhecimentos.
A proposta de trabalho, prevê a vivencia de ações pedagógicas com o uso destes recursos, a reflexão sobre elas e suas possibilidades para o planejamento de situações de aprendizagem em sala de aula. (COSTA e MAGDALENA, s/d, n/p)
De acordo com Brasil (1998, p.154):
É fundamental que o professor tenha conhecimento sobre as possibilidades do recurso tecnológico, para poder utilizá-lo como instrumento para aprendizagem. Caso contrário, não é possível saber como o recurso pode auxiliar no processo de ensino e aprendizagem. No entanto, isso não significa que o professor deve se tornar um especialista, mas que é necessário conhecer as potencialidades da ferramenta e saber utilizá-las para aperfeiçoar a prática de sala de aula.
Sob esta ótica o correio eletrônico, a lista de discussão e os blogs proporcionam a abertura para o debate, reflexão crítica, abrindo caminho para a interação entre educador e educando, num diálogo constante de troca de informações, viabilizando um jeito diferente de ensinar e aprender , de forma que auxilia a prática pedagógica oportunizando a aprendizagem. Pode-se inferir que educar nesse contexto requer educadores com uma visão construtivista de aprendizagem onde considere o aluno como um ser autônomo, que constrói seu conhecimento baseado em experiências vividas, relacionadas à realidade que nunca se apresenta dividida em compartimentos estanques. É uma proposta de passar os currículos de maneira diferenciada, revelando a sua amplitude, a sua importância, a sua função na vida.é, sobretudo, uma prática educativa competente .
Partindo desse princípio, afirma Moran (2000, p.1):
O professor tem um grande leque de opções metodológicas, de possibilidades [...] Cada docente pode encontrar sua forma mais adequada de integrar as várias tecnologias e procedimentos metodológicos. Mas também é importante que amplie, que aprenda a dominar as formas de comunicação Interpessoal/grupal e as de comunicação audiovisual/telemática. Não se trata de dar receitas, porque as situações são muito diversificadas.
As últimas décadas do século XX, com a chegada da sociedade do conhecimento e/ou taylorismo camuflado , a exigência da superação da reprodução para a produção do conhecimento instiga a buscar novas fontes de investigação. A sociedade do conhecimento com a globalização impõe conexões, parcerias, trabalho em conjunto e inter-relações, com o intuito de ultrapassar a fragmentação e a divisão em todas as áreas do conhecimento. Nesse processo as ferramentas da Web 2.0 são imprescindíveis necessitando tornarem-se instrumentos a serviço do bem estar da humanidade.
Conforme, Magdalena e Costa (s/d, n/p)
É quase um consenso, também, que a escola atual precisa mudar, pois os avanços científicos e tecnológicos geram novas exigências, demandam competências e habilidades originais, bem como novos meios para entender a complexidade crescente da realidade. Nesse sentido, a escola não soube e ainda não sabe como proceder para desenvolver o aluno, que viverá no futuro.
Partindo desse princípio, como os educadores devem lidar com a tecnologia e a velocidade das mudanças? Educar nesse contexto é instigar o desejo de aprender, de ampliar as formas de perceber, de sentir, de compreender, de comunicar-se. É estar atento a tudo, relacionando tudo, integrando tudo. Conectar sempre o ensino com a pessoa do aluno, com a vida do aluno, com sua experiência. É ajudar a construir caminhos para que nos tornemos mais livres, para poder fazer as melhores escolhas em cada momento. A tecnologia potencializa e nos ajuda a realizar o que desejamos e a educação que queremos implantar. Evidentemente, educadores com uma visão de gestão democrática utilizará a tecnologia para incentivar a participação, a troca de informações, as decisões compartilhadas, de forma sensata, equilibrada, inovadora.
Quais os caminhos a seguir no uso das ferramentas da Web 2.0 na escola? Como integrar o correio eletrônico, a lista de discussão e os blogs para melhorar o processo de ensino aprendizagem? Como descobri novas maneiras de ensinar e aprender com essas ferramentas?
3 Considerações Finais
A integração das Tecnologias da Informação e Comunicação deve ser entendida de forma crítica, criativa e cidadã sempre com o compromisso com a valorização dos profissionais da educação e com a melhoria da qualidade da escola pública desse país.
Vivemos numa sociedade em constante mudança, que tem se organizado e reorganizado de acordo com a sociedade em rede e com a globalização da economia e da virtualidade, produzindo novas e mais sofisticadas formas de exclusão. Apenas adentrando criticamente nessa sociedade e buscando compreender seus instrumentos e dinâmicas de mobilização e expansão é que podemos nos apropriar e utilizar seus recursos e meios de interação para a emancipação humana.
Faz-se importante entender como se dá o uso dessas mídias no chão da escola e como tem sido feito esse trabalho nas diversas disciplinas, no projeto político pedagógico e na proposta curricular da escola, de forma a articular as diferentes áreas do conhecimento para problematizar e investigar a realidade local.
Essa maneira de proceder não está permeada pelas práticas educativas na escola em relação à integração das ferramentas da Web 2.0 no desenvolvimento de projetos. Conhecer as especificidades e as implicações do uso pedagógico dessas ferramentas disponível no contexto da escola oportuniza ao professor criar situações para que o aluno possa integrá-las, de forma significativa e adequada ao desenvolvimento do seu projeto.
Para isso faz-se importante planejar as ações, trabalhar em equipe, bom senso, olhar crítico, troca de experiências e muita maturidade daqueles que estão na escola. Dessa forma, novos desafios apresentam-se para a escola e para as práticas pedagógicas em relação ao conhecimento, isto é, uma prática competente que acompanhe os desafios da sociedade moderna. Mas, que desafios são esses?
Os grandes desafios da escola é como orientar o aluno, a saber, o que fazer com essa informação, de forma a internalizá-la na forma de conhecimento e, principalmente, como fazer para que ele saiba aplicar este conhecimento de forma independente e responsável. Compreender as diferentes formas de representação e comunicação propiciadas pelas tecnologias disponíveis na escola, bem como criar dinâmicas que permitam estabelecer o diálogo entre as formas de linguagem das TICs são desafios para a escola e educação atual.
Esses desafios colocam-nos frente às seguintes questões, no contexto atual, as TICs são importantes? Elas dão de conta de todas as questões que envolvem a escola e o processo ensino aprendizagem?
Embora as TICs sejam importantes, elas não são suficientes para dar de conta das questões que envolvem a escola e o ensino, certamente os maiores desafios são ensinar e aprender e caminhar para um ensino de qualidade que integre todas as dimensões do ser humano. Necessitamos de pessoas que façam essa integração do sensorial, intelectual, emocional, ético e tecnológico em si mesmas, que transitem de forma fácil entre o pessoal e o social, que expressem nas suas palavras e ações que estão sempre evoluindo, mudando, avançando.
Assim há a necessidade de mudanças, ou seja, a escola necessita voltar seu olhar para dentro de seus muros e repensar, reorganizar e reposicionar sua própria estrutura e seu currículo. Propostas inovadoras com a incorporação das tecnologias da informação e comunicação na educação, que se dinamizam quando os docentes apreendem e entendem o seu significado, seu alcance, suas potencialidades e limitações. Evidentemente, isso ocorre por meio de processos de formação continuada no contexto que implicam e mesclam-se com a reflexão sobre os paradigmas e temas emergentes da educação.
Neste cenário, discutir sobre novos currículos e práticas educacionais torna-se imprescindível, a escola, pois de nada adiantaria trocar a roupagem de velhas práticas. Assim, a inclusão das ferramentas da Web 2.0 é compreendida em conjunto com novas oportunidades para se repensar e redesenhar os currículos e traduzir novas práticas à luz da discussão de novas aprendizagens.
As ferramentas da Web 2.0o podem ser usadas de diferentes maneiras, podendo trazer soluções mais eficientes em projetos que abrange a participação ativa dos alunos, como em atividades de resolução de problemas, na produção conjunta de textos e no desenvolvimento de projetos. O primordial nessas tarefas é oportunizar aos alunos a utilização dos recursos da Web 2.0 para: chegar até as informações que são úteis nos seus projetos de estudo, desenvolver a criatividade, a co-autoria e senso crítico. A utilização dessas ferramentas na escola é importante na formação de pessoas com melhor qualificação para conviver e atuar na sociedade, conscientes de seus compromissos com as transformações de seu contexto, a valorização humana e a expressão da criatividade, isto é pessoas plenas, ricas, empreendedoras e que lutem por uma sociedade mais digna, humana, ética e, portanto, menos excludente.
Referências:
ALMEIDA, Maria Elizabeth Biancocini de. Prática e formação de professores na integração de mídias. prática pedagógica e formação de professores com projetos: articulação entre conhecimentos, tecnologias e mídias. In: ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de; MORAN, José Manoel. Integração das tecnologias na educação. Salto para o futuro. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 2005, p. 39-45.
COSTA, Iris Elisabeth Tempel; MAGDALENA, Beatriz Corso. Web 2.0. Disponível em: . Acesso em: 10 de jan. de 2011.
________. O local e o global do professor e do aluno não são os mesmos. Disponível em: . Acesso em: 10 de jan. de 2011.
BRASIL. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Introdução. Terceiro e quarto ciclo. Brasília: MEC/SEF, 1998.
FIALHO, Francisco A. Pereira et al. Empreendedorismo na era do conhecimento: como estimular e desenvolver uma cultura empreendedora alicerçada nos princípios da gestão do conhecimento e da sustentabilidade. Visual Books, Florianópolis, 20006
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
MORAN, José Manuel. As múltiplas formas de aprender. Disponível em: . Acesso em: 08 de jan. 2011.
________. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias. Disponível em: . Acesso em: 08 de jan. de 2011.
MORIN, Edgar. Os setes saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarinna Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2000.
PERRENOUD, Philippe. 10 Novas competências para ensinar. Porto Alegre. Ed. Artmed. 2003.
PRADO, Maria Elizabette Brisola Brito. Pedagogia de Projetos: Fundamentos e Implicações. In___: ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de; MORAN, José Manoel (Org.). Integração das tecnologias na educação. Salto para o futuro. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 2005, p. 13-17.